Publicado Por: Josué Joaquim da Silva

 

INTERDISCIPLINARIDADE: um desafio da educação contemporânea

 

Com bastante espaço nas discussões acadêmicas da área da educação e nas formações continuadas de professores, a interdisciplinaridade será o nosso assunto deste recorte científico. Siga com esta leitura, faça suas reflexões e novos aprofundamentos.

 

Antes de falarmos a respeito da Interdisciplinaridade propriamente dita, é importante compreendermos a diferença entre os termos: Inter, Multi e Transdisciplinaridade. Nesse entendimento, faz-se necessário analisarmos esses conceitos separadamente, a saber:

Interdisciplinaridade: é a interação de duas ou mais disciplinas de áreas diferentes, implicando uma troca de conhecimentos de uma disciplina à outra, gerando um corpo disciplinar.

Multidisciplinaridade: os conteúdos escolares se apresentam como matérias independentes, como um somatório de disciplinas, sem relação entre si;

Transdisciplinaridade: é o grau máximo de relações entre as disciplinas, a busca de uma interação global dentro de um sistema, objetivando a unidade do conhecimento (ZABALA, 1998).

O movimento interdisciplinar surgiu na França e na Itália em meados da década de 60, num período marcado pelos movimentos estudantis que, dentre outras coisas, reivindicavam um ensino mais sintonizado com as grandes questões de ordem social, política e econômica da época (FAZENDA, 1994).

Nesse contexto, no Brasil, a Interdisciplinaridade divide-se em três momentos: a década de 1970, período em que se inicia as primeiras discussões, dessa prática, buscando a organização do currículo com a junção de disciplinas como: Ciências e Matemática; Geografia e História no âmbito da Educação Básica; a década de 80, marcada por um movimento que caminhou na busca de compreender os fundamentos da interdisciplinaridade; e a década de 1990 é caracterizada pela busca de compreensões teóricas e de fundamentos a respeito da interdisciplinaridade.

A promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, lei nº 9.394 de 1996, traz em seu artigo 2º que a Educação tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Acreditamos que, com essa prerrogativa legal, as discussões sobre o planejamento pedagógico, passou-se a ser mais evidenciado e organizado, de modo que, atenda as necessidades formativas do sujeito integral, assim como, também orienta a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2017). Assim, o trabalho interdisciplinar na formação do aluno ganha ainda mais destaque.

Um ensino interdisciplinar requer um trabalho em conjunto entre alunos e professores assim como de gestores e demais sujeitos integrantes da comunidade escolar, ou seja, a integração não deve ocorrer apenas entre as disciplinas escolares, mas também entre pessoas, conceitos, informações e metodologias (FAZENDA, 2003).

A interdisciplinaridade busca a valorização de todas as ciências sem que haja uma supremacia de determinada área em relação a outras.

Dentre as inúmeras práticas interdisciplinares, apresentamos aqui algumas sugestões que favorecem o trabalho pedagógico no âmbito da Educação Básica:

  • O professor da disciplina Geografia, com o conteúdo “Formação do Território Brasileiro”, poderá trabalhar um poema ou uma poesia que contemple um fato histórico da época, como por exemplo, “A Chegada dos Portugueses ao Brasil”;
  • Na disciplina Ciências com o conteúdo “Impactos Ambientais”, o professor poderá trabalhar a história da ocupação da cidade nos últimos 10 anos e analisar alguns impactos ambientais ocorridos ao longo desse tempo;
  • A Produção Textual em Língua Portuguesa poderá envolver textos que possuam relação com os conteúdos trabalhados em outras disciplinas, como exemplo, Meio Ambiente, Contextos Históricos, População, Economia, Saúde, entre outros.
Nessa perspectiva, acreditamos que para ser interdisciplinar, o planejamento pedagógico precisa ter alguns importantes critérios:
  • Que inclua no planejamento ideias e sugestões dos alunos;
  • Que não se intimide de entrar em áreas “alheias”;
  • Que leve em consideração conceitos que poderão ser explorados em outras disciplinas;
  • Que discuta o seu planejamento anual em conjunto para que se outros professores se interessarem, poderão fazer parcerias;
  • A interdisciplinaridade não necessita de grandes projetos, é possível praticá-la entre dois professores ou até mesmo sozinho.


Referências

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: História, Teoria e Pesquisa. 11ª. d. Campinas, SP: Papirus, 2003.

_______. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas: Papirus, 1994.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

Comentários

  1. Excelente REFLEXÃO 👏👏👏👏

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  2. Excelente texto, linguagem clara e ideias de interdisciplinaridade muito bem postas.

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  3. Muito boa essa reflexão! Parabéns!

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  4. Muito bom
    Esse texto mim fez lembrar de disciplinas da faculdade

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  5. Excelente esses textos com leituras clraa e de fácil !!! ZABALA ,me recorda aos tempos do curso de pedagogia prof Giane Vieira.

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  6. Oi Josué, maravilha de texto!!!! É teórico ao mesmo tempo didático para estudos. Muito bom! Parabéns

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    1. Obrigado Professora Dra. Karen Pinheiro.
      É bom tê-la acompanhado as nossas postagens nesse espaço de interações.

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  7. O texto bem explicativo..onde a leitura nos deixa com bastante vontade de aprofundar cada vez mais no tema trabalhado....

    Parabéns

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    1. Grato pela leitura e considerações realizadas, amigo Lucas Rafael.

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  8. Parabéns Josué👏👏👏

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  9. Bom dia mestre Josué , li seu texto parabéns pela lucidez na leitura e compreensão do tema trazendo contribuições principalmente para os iniciantes da educação brasileira. Um abraço!

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  10. Parabéns professor. Conteúdo bastante enriquecedor...

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  11. Ótimo texto e principalmente, com uma visão atual.
    Parabéns.

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  12. Execelente, exclarecedor de forma sintética que nos envolve e nos influencia a prática.

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  13. Excelente texto numa linguagem clara e objetiva, o qual favorece a compreensão.

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